Dizem que a fama pode trazer pesadelos indigestos. No caso do mais aclamado vinho do mundo, o Romanée-Conti, até agora o maior problema foi ter que transferir o escritório para um local mais apropriado, devido às centenas de pessoas que querem conhecer o emblemático vinho francês. Pelas sutilezas da vida, o escritório se localiza na Rue du Temps Perdu, a Rua do Tempo Perdido, número 1. Número um é justamente o adjetivo dado por muitos críticos sobre os vinhos da Domaine de La Romanée- Conti. Se hoje, a uva Pinot Noir tem uma apreço especial, é devido em grande parte ao vinho Romanée-Conti.
É um vinho Grand Cru de altíssima qualidade e pequena produção; que faz com que colecionadores e investidores paguem cada vez mais por uma simples garrafa. Esse é o preço da fama!
Domaine de La Romanée-Conti na Borgonha
A Domaine de La Romanée-Conti fica em Côte de Nuits, na Borgonha, leste da França. A empresa é proprietária (e arrendatária) de um total de 28 hectares de Grand Crus e os vinhedos estão distribuídos nas seguintes regiões: La Tâche (6,06 hectares), Romanée Saint-Vivant (5,29), Echézeaux (4,67), Grands Echézeaux (3,53), Richebourg (3,51), La Romanée Conti (1,81), Corton Bressandes (1,19), Le Montrachet (0,68), Corton Clos du Roi (0,57), Corton Renardes (0,51) e Bâtard-Montrachet (0,17). Esse último, produz somente para consumo interno da Domaine.

História: a nobreza sempre presente
Há mais de um milênio, no ano 900, o conde Manasses e seu irmão (que era bispo), fundaram o Priorado de Saint-Vivant. Em 1232, a Abadia de Saint Vivant foi agraciada com a doação dos primeiros vinhedos pela duquesa Alix de Vergy de Borgonha.
Em 1631 a propriedade foi comprada pela família de Croonembourg, que a rebatizou pelo nome de Romanée.
Em 1760, após as guerras e intrigas, Louis-François de Bourbon, príncipe de Conti, adquiriu La Romanée. Diz a história que ele pagou um valor dez vezes maior pelas terras porque já sabia do potencial extraordinário da região para a produção de vinhos.
Em 1869, a propriedade foi comprada por Jacques-Marie Duvault-Blochet, que anexou outras regiões próximas como Echezeaux, Grands Echezeaux e Richebourg.
Desde 1942, duas famílias tem a posse da Domaine e são representadas por Aubert de Villaine e Henri-Frédéric Roch.


Produção cuidadosa do vinho Romanée
A produção de vinhos espetaculares tem em comum o baixo rendimento das vinhas. Isso faz com que os frutos fiquem mais concentrados e apresentem qualidades especiais de taninos e açúcares, o que favorece a elaboração de bons vinhos.
Na Domaine Romanée-Conti os rendimentos por planta são extremamente baixos. Uma média de 30 hectolitros por hectare e desde 1986 as vinhas são cultivadas de forma orgânica.
Nos anos de 1990 foram testadas as técnicas biodinâmicas, e após um bom resultado, hoje todos os vinhedos são tratados assim e gerenciados pelo especialista em cultivo Nicolas Jacob.
Na época da colheita, quase uma centena de trabalhadores se reúne durante 10 dias para o trabalho. As uvas são colhidas tardiamente (com alto grau de maturação), o que deixa as peles mais frágeis. Para evitar o rompimento, as caixas de transporte são da altura de um cacho, para que não haja sobreposição dos frutos.
Dentro da adega não há segredos guardados a sete chaves. A filosofia perpetuada por Aubert de Villaine é o mínimo de intervenção. Todas as leveduras são naturais e todos os vinhos passam por barris de carvalho novo. Depois do primeiro uso, esse barris são descartados e vendidos pela metade do preço.
Eles são construídos com madeiras das florestas de Bertranges e Tronçais. O cuidado é tanto que a madeira é comprada pela própria Domaine, secas durante 3 ou 4 anos e só então levadas para tanoaria.
O tempo de envelhecimento dos vinhos nos barris chega a 18 meses e não passam por nenhuma filtração durante o engarrafamento.
A produção de Romanée-Conti fica entre 6.000 a 8.000 garrafas por ano; e como existe muita gente disposta a pagar por uma garrafa, a oferta é muito menor que a procura.
Uma curiosidade não muito conhecida, é que a casa também produz um vinho Premier Cru, uma classificação abaixo de Grand Cru. São provenientes de 0,6 hectares em Vosne-Romanée, e são vendidos anonimamente a granel todo ano.

Os vinhos da Domaine de La Romanée-Conti
Todos os vinhos assinados pela Domaine são Grand Crus, a mais alta classificação de um vinho francês.
Romanée-Conti:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 1,8 hectares
- Idade média da vinha: 53 anos
O crítico de vinhos Clive Coates afirmou, “O mais escasso, mais caro e o melhor Pinot Noir do mundo. Um critério para julgar todos os outros vinhos da Borgonha”.
La Tâche:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 6,06 hectares
- Idade média da vinha: 47 anos
Richebourg:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 3,51 hectares
- Idade média da vinha: 42 anos
Romanée-St-Vivant:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 5,28 hectares
- Idade média da vinha: 34 anos
Grands Echezeaux:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 3,52 hectares
- Idade média da vinha: 52 anos
Echezeaux:
- Casta: Pinot Noir
- Vinhas: 4,67 hectares
- Idade média da vinha: 32 anos
Montrachet:
- Casta: Chardonnay
- Vinhas: 0,67 hectares
- Idade média da vinha: 62 anos
Preço: um dos mais caros do mundo
Não há divergência a respeito das qualidades do Romanée-Conti. Mas, segundo o próprio Aubert de Villaine, é um absurdo que qualquer vinho chegue na casa dos $ 20.000 dólares. Pois é, o mercado tem suas leis.
Em um leilão de 1996, um Romanée-Conti, safra 1990, chegou ao valor de $ 28.112 dólares.
Atualmente uma garrafa de 2005, por exemplo, custa em média R$ 18.000 dólares.
Vinhos como esse, conseguem uma altíssima pontuação entre os críticos. Até Robert Parker, muitas vezes um analista mais frio e contido, utiliza adjetivos exaltados e classifica-os com 99 a 100 pontos.
Conclusão: aromas e sabores
Os vinhos da Domaine de La Romanée-Conti são considerados referência a todos os vinhos elaborados com a uva Pinot Noir. Todas as possibilidades da casta estão presentes nesse célebre vinho.
Na boca, as descrições remetem a seda e cetim. Uma pureza, elegância e ao mesmo tempo um terroir único da Borgonha. São vinhos equilibrados e de estrutura complexa, pois evoluem por anos e até décadas.
Nas palavras de Aubert de Villaine: “Nós fazemos vinhos de terroirs especiais de uma região que por séculos produziram grandes feitos para a França.”
Essa é a história do vinho Romanée-Conti: o mais celebrado de todos os vinhos!
Equipe VinumDay • um vinho para cada dia
Matéria muito ilustrativa, parabéns. Com comprar este vinho?
Mario,
Se você realmente está disposto a comprá-lo…
Aqui você consegue um, mas, pense numa taxa de importação 🙂
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